PEDRA NA VESÍCULA | COLELITÍASE

O QUE É?

Colelitíase ou “pedra na vesícula” é a presença de cálculos na vesícula biliar. A vesícula biliar é um órgão localizado junto ao fígado. Sua função é o de armazenar e concentrar a bile que é produzida pelas células hepáticas. A bile é composta principalmente por água, colesterol, sais biliares e lecitina (um aminoácido). Quando há um acúmulo ou diminuição de um desses componentes, são formados cristais. Esses cristais se agrupam formando os cálculos.




SINTOMAS:

 
A colelitíase se trata especificamente da formação desses cristais na vesícula biliar. Os sintomas mais comuns da colelitíase são desconforto na região abdominal superior e dores no hipocôndrio direito (abaixo das costelas) e epigástrio (“boca do estômago”). Podem vir associadas a náuseas e vômitos, além de intolerância alimentar, principalmente para alimentos gordurosos. Entretanto, ela geralmente é assintomática em aproximadamente 80% dos pacientes. Dessa forma a presença de cálculos no interior da vesícula ocasionam uma inflamação fazendo com que o quadro se agrave com uma inflamação aguda ou crônica e em estágios avançados podem precipitar a formação de tumores da vesícula biliar.




FATORES DE RISCO:
A colelitíase é uma patologia mais comum em mulheres do que em homens.

Atinge 2 a 3 mulheres para cada homem. Isso é explicado pelos fatores de risco de desenvolvimento da doença Os fatores de risco fazem referência ao mnemônico dos “5 F’s”, do inglês: Fat, Fertile, Females, Forty e Family.

Vou explicar melhor cada um deles:
As mulheres, “female”, principalmente pela ação “relaxante” dos hormônios femininos.

Os obesos, “fat”, pelo acúmulo de colesterol, desequilibrando a composição da bile.

Mulheres em idade fértil, “fertile”, pelo aumento na produção de progesterona, um hormônio que prepara o corpo da mulher para a gestação. Por isso, o número de gestações (multiparidade) também é um fator de risco. Esse efeito “relaxante” dos hormônios femininos, faz com que a vesícula biliar diminua o seu poder de contração. Quando a vesícula diminui seu poder de contração os cristais, que são os componentes da bile, se precipitam e se agrupam, formando os cálculos. Esse mesmo raciocínio é válido para as mulheres que fazem tratamento de Terapia de Reposição Hormonal “TRH” após a menopausa.

Após os 40 anos de idade, “forty”, aumenta a chance de desenvolvimento desses cálculos, pois a vesícula já sofreu a ação dos hormônios femininos, gestações e em alguns casos a “TRH”. Além disso, a vesícula vai se “cansando” e perdendo seu poder de contração com o passar do tempo, e essa contração é quem permite aos componentes da bile ficarem “misturados” a água.

Por fim a herança genética ou familiar “family”. Pacientes com familiares acometidos de colelitíase têm maior potencial de desenvolver a doença.

Vale ressaltar também que algumas doenças, como Anemia Falciforme, Doenças Inflamatórias Intestinais e outras, também, são fatores de risco.

Algumas medicações, principalmente os antibióticos como as cefalosporinas, entram também como fator de risco.

Pacientes com rápida perda de peso, como acontece nas cirurgias bariátricas, também aumentam as chances de desenvolver colelitíase.

É importante ressaltar que o simples fato de não se encaixar nesse perfil, não impede que os cálculos se desenvolvam. Esse perfil é apenas o mais comum entre pessoas que apresentam o problema. 


COMPLICAÇÕES:
Os cálculos podem permanecer dentro da vesícula, condicionando, assim, a colelitíase ou podem migrar, através dos ductos biliares ocasionando a obstrução do ducto biliar principal, colédoco (coledocolitíase). Esses, por sua vez, podem causam icterícia (“amarelão”).


Como o ducto pancreático, que leva o suco pancreático até o intestino, percorre caminho juntamente com o ducto biliar, esse também pode ser obstruído, levando à pancreatite aguda biliar. Os cálculos biliares podem, também se formar primariamente no ducto colédoco, ocasionando sintomatologia semelhante aos cálculos formados primariamente na vesícula e migrarem para o ducto colédoco. Sem contar, que a presença de cálculos na vesícula pode causar inflamação nesse órgão, acarretando num quadro de “Colecistite Aguda”, que se comporta semelhante a um quadro de “Apendicite Aguda” requerendo uma cirurgia de urgência/emergência pelo risco de “supuração” e “perfuração” da vesícula, acarretando em risco de morte, se não tratada em tempo hábil.

 

 


TRATAMENTO:

O tratamento atualmente mais recomendado, é a retirada total da vesícula biliar, uma cirurgia chamada colecistectomia.

A colecistectomia é considerada o melhor tratamento, para a colelitíase. Há alguns anos com o desenvolvimento da cirurgia vídeo-laparoscópica, a colecistectomia vídeo-laparoscópica foi e continua sendo o tratamento “padrão ouro”. Por se tratar de um procedimento minimamente invasivo, proporciona uma rápida e pouco dolorosa recuperação pós-operatória.

Nessa cirurgia, o cirurgião faz pequenos orifícios no abdome, deixando pequenas cicatrizes, proporcionando uma recuperação otimizada. Essa cirurgia é conhecida por alguns como cirurgia a “laser”. Mas de “laser”, não tem nada. O que acontece é que é introduzido por esses orifícios uma micro-câmrera e através da imagem projetada no monitor o cirurgião consegue realizar a remoção cirúrgica da vesícula. O tratamento não cirúrgico, possui resultados muito inferiores quando comparado ao tratamento cirúrgico. Por isso, o tratamento não cirúrgico, é indicado aos pacientes que possuem elevado risco cirúrgico, impedindo assim a realização da cirurgia.

Entretanto, os pacientes que possuem contraindicação absoluta a colecistectomia pelo elevado risco cirúrgico é um percentual muito baixo dos pacientes, principalmente com a evolução dos equipamentos cirúrgicos, habilidade do cirurgião e também da evolução das técnicas anestésicas. Agora que você já sabe tudo sobre colelitíase, tem ou conhece alguém que tenha? Divulgue esse material para que a informação chegue ao maior número de pessoas. Não se iludam com tratamentos milagrosos com utilização de chás e outros métodos que prometem fazer os cálculos desaparecerem.

Colelitíase é coisa séria e pode causar complicações graves, podendo levar a morte em alguns casos. Na maioria das vezes, quando os cálculos somem após utilização de chás e métodos milagrosos, na verdade eles desceram pelos ductos biliares e não se prenderam ali. Esses pacientes correram um grande risco de desenvolver a coledocolitíase e a pancreatite aguda. Esses cálculos, por algumas vezes serem milimétricos, passam pelos ductos biliares e vão até o intestino delgado, sendo eliminados nas fezes. Nesses pacientes, como o órgão (vesícula biliar) está “doente”, fatalmente voltará a formar cálculos. Não acredite em fórmulas milagrosas.
Consulte seu cirurgião de confiança. Esse sim, saberá qual a melhor forma de tratamento para cada paciente em questão.
Se quiser ver a entrevista que dei sobre o tema no programa “De Tudo Um Pouco” da Rede Super de Televisão acesse o link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=o1dW4fTesIM

Quer ver uma cirurgia de colecistectomia vídeo-laparoscópica? Acesse o link do meu canal do youtube e veja como é realizada a cirurgia. https://www.youtube.com/watch?v=i_KKr9YYzjk&t=104s

ATENÇÃO: Em toda cirurgia complicações inerentes a cada intervenção devem ser consideradas. Converse com seu cirurgião sobre as possíveis complicações e riscos relacionados a cirurgia e outras opções de tratamento, quando houver

MAIS INFORMAÇÕES ENTRE EM CONTATO

Estou sempre pronto em atender com profissionalismo e ética. Se gostou da forma como fazemos medicina, estamos te esperando.